Em centenário das letras gráficas da Amazônia, mestres abridores fazem circuito inédito de oficinas por diversas capitais do Brasil

  • 05/10/2025
(Foto: Reprodução)
Jovens de Fortaleza (CE) participam de oficina com os mestres abridores de letras da Amazônia ILQF A Amazônia atravessa o país pelas suas letras. Ao longo de outubro, mês em que o ofício de “abrir letras” completa 100 anos, os mestres abridores deixam os estaleiros e aportam em oito capitais para, pela primeira vez, protagonizar um circuito nacional: o projeto Letras que Navegam. Em oficinas gratuitas, bate-papos e demonstrações ao vivo, o Brasil conhece a arte e quem a cria e aprende com eles, de perto e em primeira pessoa, a técnica multicolorida que há um século batiza embarcações. A história começa em 1925, quando a Capitania dos Portos tornou obrigatória a identificação pintada nos cascos. Do preto-no-branco às cores vivas e aos ornamentos de hoje, cada abridor desenvolveu seu “sotaque”: curvas, combinações cromáticas e composições que guardam pertencimentos nos cascos. Um século depois, quem faz passa a ensinar — e é isso que move a circulação. Dentro da sala, o primeiro traço é um sopro. Compasso para achar a proporção, lápis para erguer o esqueleto, pincel para dar corpo. Em segundos, entra o matizado — a sombra em degradê que faz a palavra saltar; no fim, chegam os enfeites que viraram vocabulário local: caqueado, fric-fric, redinha. “Compasso, lápis, pincéis e tinta: são os fundamentos”, resume José Raimundo Fernandes Leite, o Bidula, de Igarapé-Miri, enquanto os alunos entendem por que as letras são muitas vezes divididas em duas cores: é estratégia de visibilidade nas águas barrentas e, também, assinatura estética. A transmissão começa pela memória. Simão Costa Sarraf, o Ramito, de Breves, no Marajó, relata a cena que o trouxe até ali. “Meu primeiro pincel foi a ‘barba de bode’”. O improviso da infância, que fez um tufo de capim virar pincel, se torna método de ensino: olhar de perto, testar, errar, acertar. O roteiro passa por Fortaleza (Fernando Ramos da Costa), Rio de Janeiro (Joeldem “Lili”), Brasília (Donielson “Kekel”), Recife (Waldemir Caravelas), Salvador (Antônio “Toninho”), Belém (Francivaldo da Silva Oliveira e Simão “Ramito”), Curitiba (Odir Lima Abreu) e São Paulo (Rossinhe Nunes Farias). De manhã, as turmas recebem estudantes da rede pública, e à tarde, os espaços se abrem à comunidade com demonstrações em que as letras nascem ao vivo . Circuito Letras que Navegam estreia em Fortaleza, Ceará, mostrando a públicos de outras regiões a arte gráfica criada na Amazônia ILQF Para que o conhecimento viajasse sem perder o sotaque, os mestres passaram, em setembro, por uma preparação pedagógica no III Encontro de Abridores de Letras do Pará, em Belém , que reuniu mais de 20 abridores para organizar como ensinar sem podar a raiz ribeirinha. “Cada abridor tem um modo único de ensinar; o trabalho foi pensar juntos caminhos para que esse conhecimento alcance mais pessoas sem perder o território de origem”, explica a pesquisadora Marcela Castro, que conduziu a formação. “É uma oportunidade única de mostrar a Amazônia e permitir que o Brasil conheça de perto esses artistas populares. O circuito prepara os mestres para itinerar, fortalece os laços entre eles e consolida um coletivo que carrega um patrimônio imaterial centenário”, afirma Fernanda Martins, pesquisadora, autora de Letras que Flutuam e presidenta do Instituto Letras que Flutuam (ILQF). Serviço: Programação completa nas redes sociais do ILQF e das unidades da CAIXA Cultural.

FONTE: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2025/10/05/em-centenario-das-letras-graficas-da-amazonia-mestres-abridores-fazem-circuito-inedito-de-oficinas-por-diversas-capitais-do-brasil.ghtml


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